O Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP) foi criado em 1972, mas quatro anos houve uma tentativa de fundação. José Logullo e Roberto de Souza Nazareth se juntaram em 1968 para criar uma agremiação, inspirados no Clube dos Seguradores e Banqueiros de São Paulo. No primeiro aniversário do CCS-SP, ambos foram homenageados pelo mentor Antonio D’Amélio.
No final da década de 70, o mercado de seguros ainda sentia os impactos da privatização do seguro de acidentes do trabalho, quando o governo estimulou a entrada dos bancos na atividade seguradora. Na época, em pleno regime militar, o país colhia os resultados do “milagre econômico”, que abria mais espaço para o seguro. Para formar e capacitar os corretores de seguros, surgiu, em 1971, a Fundação Escola Nacional de Seguros – Funenseg (atual Escola de Negócios e Seguros).
Nesse contexto histórico foi fundado, em 5 de outubro de 1972, o Clube dos Corretores de Seguros de São Paulo (CCS-SP), que nasceu para dar voz aos corretores, então impedidos de se manifestarem livremente por meio de seus sindicatos. Entre 1964 e 1971, o governo havia decretado intervenção em 573 sindicatos, federações e confederações sindicais.
O objetivo de criação da entidade era conquistar espaço para as reuniões da classe e, consequentemente, iniciar uma luta pelo reconhecimento da categoria. O seu regimento interno, que inspirou seu atual estatuto, define que a finalidade do Clube é o “congraçamento da classe” e que “pugnará pela observância dos princípios do companheirismo, ética, cultura profissional e recreação”.
Para se diferenciar de uma entidade sindical e driblar as restrições do regime militar, o Clube optou por ser conduzido por um mentor, em vez de presidente, e adotou alguns símbolos para designar as funções de sua diretoria. O timão, que representa a liderança do clube, é entregue ao mentor; o abacaxi ao secretário; a caixa de moedas ao tesoureiro; e, finalmente, as lupas aos três membros da junta fiscalizadora. Já o logotipo do CCS-SP, revitalizado ao longo dos anos, representa os três elos que unem corretor, segurador e segurado.
O primeiro ano de existência do CCS-SP foi comemorado no almoço com associados, no dia 5 de outubro de 1973, no Clube da Cidade de São Paulo. O registro do evento foi publicado no Boletim do Grupo Segurador Brasil (edição 54/55), que destacou o congraçamento como a concretização de um dos objetivos de fundação do Clube.
A publicação esclareceu os propósitos do Clube:
“Não visa desempenhar tarefas de sindicalização, mas trabalhar junto com o sindicato da classe, para isso exigindo que os candidatos a seus sócios pertençam àquela organização profissional. Em verdade, não poderia ser melhor a orientação, pois nenhuma entidade, como o sindicato, está em condições de identificar os verdadeiros elementos componentes de uma determinada categoria profissional”.
Marcou no primeiro ano de existência do CCS-SP a realização Seminário sobre Seguros, direcionado a jornalistas, enfocando a importância do corretor de seguros, nos dias 4 e 5 de dezembro de 1973. Compuseram a mesa de autoridades o mentor Antonio D’Amélio e o presidente do Sindicato dos Jornalistas Romeu Aniele.
Já em 1974, um acontecimento movimentou a posse do mentor José Francisco de Miranda Fontana, que mudou seu discurso de posse para um manifesto em defesa da categoria e contra uma lei que poderia acabar com a profissão.
O Boletim Informativo do CCS-SP, de agosto de 1975, divulga a participação do mentor José Francisco de Miranda Fontana na 9ª Conferencia Brasileira de Seguros Privados e Capitalização, realizada em abril de 1975, em Salvador (BA). Naquela ocasião, o mentor assinou, em conjunto com o presidente do Sincor-SP, José Quirino de Carvalho Tolentino, uma moção de aplausos e reconhecimento ao trabalho da Fundação Escola Nacional de Seguros (atual Escola de Negócios e Seguros – ENS).
A moção assinada por ambos menciona o trabalho “hercúleo” da diretoria da Funenseg e o “sacrifício” para disseminar o conhecimento do seguro. “Para essa equipe que exerce um trabalho apostólico, apresentamos a moção de aplausos”, registra o Boletim.
Esta foi a manchete de capa do Boletim Informativo do CCS-SP, publicado em agosto de 1975.
A publicação transcreve a íntegra da Carta Sindical, que informa sobre o quadro associativo da Fenacor, composto pelos sindicatos estaduais da Guanabara, de Pernambuco, do Rio Grande do Sul, de Santa Catarina e de São Paulo. O CCS-SP teve participação ativa na Fenacor, inclusive, diversos de seus membros integram a primeira diretoria.
Ao longo de sua trajetória, os corretores de seguros enfrentaram ameaças à sua profissão. Uma delas foi a proliferação de prepostos, que, em determinada época, chegou a ser mais numerosa que a própria categoria. Posteriormente, a entrada das instituições financeiras na comercialização de seguros gerou longos embates com os corretores, que duraram quase duas décadas. O mentor Paulo Rubens de Almeida (gestão 1986/1988) foi um dos que lutaram contra o avanço dos bancos na atividade. Wolfgang Stefan Siebner, presidente do Sincor-SP (entre 1981 e 1989) também foi incansável nessa questão.
O Jornal dos Corretores de Seguros (JCS), atualmente, publicado pelo Sincor-SP, foi editado pelo CCS-SP ao longo de 14 anos, iniciando na edição nº 7 (dezembro de 1979) até a edição 168 (dezembro de 1993). O jornal foi criado pelo Sincor-SP, que publicou apenas 6 edições. Por causa das restrições impostas pelo regime militar, o CCS-SP assumiu a publicação. Durante muitos anos, o JCS foi a mais importante fonte de informação da categoria. Vale registrar o brilhante trabalho do jornalista Nelito Carvalho, que foi o editor da publicação durante os oito anos, desde a edição nº 1 até a nº 92.
Os anos 80, conhecida como a década perdida, foram marcados pela alta inflação. A corretagem de seguros sentia os efeitos do constante aumento de preços e desvalorização da moeda. Neste período, o CCS-SP não apenas estimulava os corretores a se protegerem dos efeitos da inflação, como também defendia os segurados, reivindicando adicionais sobre o valor da importância segurada para que o bem não perdesse o valor. O final da década também ficou marcado construção de uma nova Constituinte, na qual os corretores e suas lideranças se envolveram para garantir direitos da categoria e evitar o avanço dos bancos sobre a atividade.
No início da década de 90, o confisco dos recursos nos bancos pelo governo aumentou a crise. O alívio chegou em 1994, com o Plano Real. Mas a década também foi de mudanças para os corretores de seguros, primeiramente, com a chegada do Código de Defesa do Consumidor, depois, o Plano Diretor, que evidenciou a necessidade de especialização da categoria. Nesse período, o CCS-SP publicou edição bilíngue do JCS para participar ao encontro de corretores, no Rio de Janeiro.
Uma das novidades – senão a principal – da década de 90 foi a chegada da informatização e automatização. A mudança do manual para digital trouxe incertezas, mas por pouco tempo. Os corretores passaram, então, a investirem em equipamentos para se adequarem aos novos tempos. A chegada da internet também provocou receios na categoria de perder seu espaço para a venda direta. Mas, o tempo mostrou que o digital não era uma ameaça.
Os anos 2000 foram emblemáticos para o setor de seguros por causa da abertura do resseguro e chegada de empresas estrangeiras. Também foram tempos de prosperidade, com a ascensão das classes menos favorecidas, aquecimento do consumo e estabilidade. Nos anos seguintes, os corretores se beneficiaram da inserção no Simples nacional. Para o CCS-SP o período foi de comemoração dos seus 40 anos, quando recebeu a Salva de Prata na Câmara Municipal de São Paulo.
Um evento marcante para o Clube foi o da comemoração de 45 anos, em 2017, quando novamente foi homenageado na Câmara Municipal de São Paulo com a Salva de Prata, a mais alta honraria. Na ocasião, o então mentor Adevaldo Calegari fez uma retrospectiva de toda a trajetória da entidade, enaltecendo não apenas a coragem dos 25 fundadores, que enfrentaram o regime militar para criar uma agremiação, como também todos os mentores do CCS-SP.